PITTER LUCENA

Jornalista acreano radicado em Brasília

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quinta-feira, novembro 06, 2008

DEMITIDO ESPIÃO ACREANO

O temido coronel da reserva do Exército Brasileiro Ruyter Duizit Colin, foi exonerado de suas funções na terça-feira, 4, pelo governador Binho Marques. Sobre Colin pesam denúncias de invasão de privacidade de desafetos políticos do ex-governador Jorge Viana e da Frente Popular. Boatos são de que centenas de telefones celulares estão grampeados, apesar do assunto ser categoricamente negado pela cúpula da segurança do Acre.

Considerado um homem extremamente misterioso e meticuloso, Colin fez parte da equipe do governador Binho durante quase dois anos. Ele foi nomeado gerente do departamento de inteligência do governo em 14 de março de 2007 através do decreto nº 279. Durante o segundo mandato da administração do petista Jorge Viana (2002-2006), comandou com mão de ferro o serviço de inteligência da Secretaria de Segurança do Governo do Acre.

Colin foi o responsável pela implementação do Guardião, serviço de escuta telefônica, para a polícia do estado. Segundo os registros de viagens do Ministério da Justiça, em 2006 ele foi pago pelo governo federal para viajar até o Ceará para conhecer o funcionamento do tal sistema de interceptação telefônica.

O Guardião, que custa em torno de R$ 700 mil, é um software com funções automáticas como a de monitorar qualquer outra linha que se conecte com o telefone inicialmente visado. Feita a conexão, a segunda linha passa a ser interceptada, antes mesmo que possa ser expedida uma autorização judicial para isso. O sistema permite ainda que as ligações gravadas sejam transferidas em tempo real para algum outro telefone, por exemplo, para o celular do delegado responsável pela investigação. Assim, ele pode ficar da sua casa acompanhando seus investigados.

A compra do equipamento de escuta é um dos vários itens do projeto de criação e estruturação do Departamento Integrado de Inteligência da Secretaria de Justiça e Segurança Pública do Acre. Os dados da transação estão expostos no Portal Transparência, da Controladoria-Geral da União (CGU). De acordo com o convênio, o dinheiro liberado pelo Ministério da Justiça também foi utilizado na aquisição equipamentos e materiais de filmagens, observação e fotografia, de comunicação, de informática, mobília de escritório e viaturas.

A central de escuta, que funcionaria numa sala do prédio do antigo Banco do Estado do Acre (Banacre), em Rio Branco, foi adquirida com a finalidade de ajudar no combate ao narcotráfico e ao crime organizado. Mas denúncias dão conta que o equipamento estaria sendo utilizado para espionagem política de adversários do PT acreano.

Advogados, jornalistas, políticos teriam sido alvo de grampo ilegal por meio dessa central por seus mentores. O equipamento seria de tecnologia israelense. Seu software teria capacidade de grampear 3 mil linhas telefônicas simultaneamente. O equipamento é capaz de escutar, redirecionar, gravar e armazenar conversações por meio de telefonia fixa ou móvel.

A Polícia Federal possui 28 aparelhos semelhantes ao Guardião. Já as polícias civis estaduais em todo o país têm outros 60. Atualmente, cerca de 20 mil escutas estão em andamento — cinco mil comandadas pela PF e 15 mil, pela Polícia Civil.

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