PITTER LUCENA

Jornalista acreano radicado em Brasília

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quarta-feira, agosto 13, 2008

FUNDO AMAZÔNIA

Nilder Costa

Com pompa e circunstância, o presidente Lula assinou na sexta-feira 1, na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o badalado Fundo Amazônia cujo principal propósito oficial é captar doações para financiar o combate ao desmatamento e promover o ‘uso sustentável’ das florestas do bioma amazônico no Brasil.

Segundo o ministro Carlos Minc (Meio Ambiente), o Fundo terá US$ 900 milhões já em seu primeiro ano de vigência e a meta é alcançar a fabulosa marca de 21 bilhões de dólares em 2020. O fundo foi modelado para a captação externa e o governo da Noruega já anunciou a sua adesão, pingando nada menos que US$ 100 milhões.

Minc, que já está sendo chamado de ‘Indiana Jones de Brasília’, quer fazer crer que, apesar da participação financeira de outras nações, a gestão do fundo não irá sofrer influências externas: "Será um fundo soberano, sem ingerência de outros países e executado pelo BNDES", afirmou ele. Só mesmo os mais ingênuos poderiam acreditar que outros países iriam ‘investir’ milhões de dólares de mão beijada, sem ingerência em sua aplicação ou contrapartidas as mais variadas, nos mais variados campos.

Nesse sentido, foi reveladora a reação do embaixador americano no Brasil, Clifford Sobel, à informação veiculada por Minc que os EUA também manifestaram interesse em contribuir para o fundo. Sobel disse que primeiro é preciso conhecer o projeto e que Henrietta Fore, administradora-chefe do USAID (agência do governo norte-americano para o desenvolvimento internacional), irá se reunir com Minc com tal propósito: "Ainda estamos no começo de uma conversa. Vamos primeiro aprender mais sobre o programa", disse Sobel. Aliás, até mesmo Paulo Adário, do Greenpeace, disse à influente revista The Economist que, na prática, será encontrado um modo de levar em consideração os desejos dos ‘doadores’.

Os recursos do Fundo ficarão sob a guarda do BNDES, mas a aprovação das aplicações será feita por um ‘Conselho Tripartite’ formado por três câmaras: uma, com representantes do governo federal; a outra, de estados da Amazônia Legal; e a terceira por representantes da ‘sociedade civil’, onde as indefectíveis ONGs terão assento. As decisões do Conselho serão tomadas por ‘consenso’ e cada câmara terá direito a um voto.

O novo fundo recende ao famigerado PPG-7 (Plano Piloto de Proteção das Florestas Tropicais Brasileiras), estabelecido em 1990 por proposta do então chanceler alemão Helmut Kohl, que previa desembolsos de US$ 1,6 bilhão para ‘compensar’ o Brasil pela hercúlea tarefa de gerenciar as florestas amazônicas nos moldes desejados pelos países do G7. Foi criado um fundo fiduciário administrado pelo Banco Mundial (Rainforest Trust Fund) que despejou milhões de dólares que foram cruciais, por exemplo, para a demarcação de vastos territórios indígenas na região (para os ‘guardiões’ perfeitos) e irrigou as burras de ONGs internacionais que puderam, assim, produzir copiosos relatórios de inteligência sobre a Amazônia e, de quebra, alimentar a mídia com informações apocalípticas para manter o controle sobre projetos de infra-estrutura na região.

Na verdade, a criação do Fundo Amazônia é mais uma capitulação do governo Lula ao aparato ambientalista, bastando recordar que o esquema foi claramente ‘inspirado’ em exigências do Greenpeace e caterva para a instauração de um utópico ‘desmatamento zero’ na Amazônia como, de resto, a própria ONG se ufana em nota alusiva.

Trata-se de mais uma concessão de Lula, o ‘ecopresidente’, ao ambientalismo.

Leia mais sobre a amazônia no Alerta em Rede

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