PITTER LUCENA

Jornalista acreano radicado em Brasília

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quinta-feira, agosto 10, 2006

DA SERINGA À COCA-COLA

GISELLE LUCENA

Conheça a história do aposentado que saiu dos seringais de Sena Madureira às salas da diretoria de uma empresa multinacional.

Ele passou 12 anos trabalhando pelos seringais de Sena Madureira. Começou aos 20, quando deixou o Ceará e veio para o Acre. Era 1943, quando muitos fizeram esse percurso em busca de melhores condições de vida. Guanabara, Sacado, Santa Clara e Arial foram os seringais por onde Milton Lucena, hoje com 80 anos, passou. Nesse último, foi onde ele conheceu Dona Odete, com quem casou e teve cinco filhos. “Foi o melhor presente que Deus poderia me dar”, disse.

Logo depois de casado, Lucena fez uma viagem ao Rio de Janeiro, em visita à tia de Dona Odete. Lá, ele avistou uma promoção de meias de nylon - novidade na época, principalmente no Acre. Foi então que ele trouxe vários pares. “Vendi todas, e com essa venda, consegui custear as despesas da viagem”, conta.

A partir daí que ele começou a gostar da vida de comerciante e resolveu montar uma padaria. “Em pouco tempo ganhei mais dinheiro do que no seringal, não tem comparação”, afirma. Logo, ele resolveu levar a família para Manaus, onde comprava as mercadorias para vender em Sena Madureira. “Por quatro anos trabalhei em uma padaria, comprava produtos em geral, na época chamada de estiva, e as vendia aqui”, explica.

Em Manaus, Milton Lucena comprava os produtos de uma panificadora de Antonio de Andrade Simões, presidente da Coca-Cola. “Eu comprava produtos dele, e trazia para cá, até que ele me deu importância e me convidou para ser sócio da Coca-Cola. Primeira vez que teve Coca-Cola aqui fui eu que a trouxe”, afirma.

Em 1977 foi construída uma fábrica de Coca-Cola em Rio Branco e Milton Lucena recebeu o convite para ser diretor. Trouxe a família de volta, construiu um estabelecimento no centro de Rio Branco e se estabilizou. Apesar de trabalhar na empresa de refrigerantes, continuou investido em seu comércio e construiu um “armazém de secos e molhados”.

Após 30 anos trabalhando na Coca-Cola, resolveu abandonar a diretoria da fábrica. “Queria investir no meu armazém, mas tinha que cumprir expediente na fábrica, não dava, preferi sair”, revelou. Vendeu as ações que tinha, construiu um prédio de apartamentos e, hoje, apesar de ser aposentado pelo INSS, continua trabalhando em seu próprio comércio: um conhecido estacionamento, também armazém, localizado no centro de Rio Branco.

Boas lembranças
Milton Lucena, que começou a trabalhar com 20 anos, passou por cinco profissões e continua a trabalhar aos 80, educou seus filhos com muita rigidez e perseverança.

Avaliando o mercado de trabalho atualmente, Lucena aponta tristes mudanças. “Hoje é tudo muito diferente. No seringal não tinha desemprego, não tinha quem ficasse em casa, não havia esta onda de drogas, bebedeiras. Nesses 12 anos de seringal, só me lembro de duas mortes por violência, hoje isso acontece todos os dias”, disse.

Além disso, Milton revela que fez tudo com grande satisfação, se dedicou para trabalhar da maneira que podia e queria. “Agora, só quero continuar com boa saúde para trabalhar por mais tempo”.

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Valeu amigo.... realmente estás contribuindo para divulgar e propagar a defesa de nossa amazônia... continue firme e conte conosco.... estou preparando matéria com foto sobre o Amapá. Abraços a todos....

Randolph Scooth - Macapá - Amapá

5:45 AM  

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